The Pogues & Kirsty McColl Fairytale Of New York
Publicada por bulgariÉ um...
DESLIZAR o tempo sobre o tempo...
DESCALÇAR os pés sobre um chão mole...
PROCURAR um fim qualquer...
DORMIR sobre os diamantes...
SONHAR com as palavras sem sentido...
ENCONTRAR um olhar distante com um ouvido atento...
DIZER o que se quer, para que fique dito para sempre...
SABER que ontem já passou e amanhã ainda está para vir...
REPOUSAR sobre a vida das flores e o voo nupcial...
DESCOBRIR que há dois tipos de pessoas, os narcisos e os gladíolos...
ACREDITAR nos buracos de vermes...
ANDAR para que a calma restabeleça a ordem dos sentidos...
TRAZER tudo o que até agora se guardou...
DEVOLVER as cores às noites sem fim...
CORRER com uma mão livre e um livro debaixo do braço...
APRENDER com as crianças que o tempo é subjectivo...
VER a história de cada um de nós esvair-se como se fosse uma ampulheta...
PROCURAR um fim qualquer...
E é também...
NÃO DESLIZAR o tempo sobre o tempo...
NÃO DESCALÇAR os pés sobre um chão mole...
NÃO PROCURAR um fim qualquer...
NÃO DORMIR sobre os diamantes...
NÃO SONHAR com as palavras sem sentido...
NÃO ENCONTRAR um olhar distante com um ouvido atento...
NÃO DIZER o que se quer, para que não fique dito para sempre...
NÃO SABER que ontem já passou e que amanhã ainda está para vir...
NÃO REPOUSAR sobre a vida das flores e o voo nupcial...
NÃO DESCOBRIR que há dois tipos de pessoas, os narcisos e os gladíolos...
NÃO ACREDITAR nos buracos de vermes...
NÃO ANDAR para que a calma restabeleça a ordem dos sentidos...
NÃO TRAZER tudo o que até agora se guardou...
NÃO CORRER com uma mão livre e um livro debaixo do braço...
NÃO APRENDER com as crianças que o tempo é subjectivo...
NÃO VER a história de cada um de nós esvair-se como se fosse uma ampulheta...
NÃO PROCURAR um fim qualquer...
CORTAR a meta...
CORRER o risco...
CHEIRAR a coca...
RASGAR a pele...
QUERER amar...
CRIAR o espaço...
VOLTAR a vê-lo...
PEDIR de vida...
ESTENDER a mão...
FECHAR os olhos...
TROCAR as voltas...
DIZER que não...
ABRIR a porta...
FICAR sozinho...
SOLTAR o filho...
IR ao acaso...
MATAR o tempo...
LER-lhe nos olhos...
DEIXAR passar...
TER para dizer...
LEVAR consigo...
SABER guardar...
GOSTAR de rir...
PODER fugir...
ESQUECER o fim...
CONTAR a história...
PERDER o rumo...
OUVIR falar...
ACRESCENTAR...
Olga Roriz
Andava em busca de uma alma semelhante à minha, e não podia encontrá-la. Procurava por todos os recantos da terra: era inútil a minha perserverança. E, no entanto, não podia continuar só. Precisava de alguém que aprovasse o meu carácter; precisava de alguém que tivesse as mesmas ideias que eu. Era de tarde; a noite começava a estender o negrume do seu véu sobre a natureza. Uma bela mulher, que eu mal distinguia, estendia igualmente em meu redor a sua influência encantatória, e olhava-me compassiva; porém não ousava falar-me. Eu disse: Aproxima-te de mim, para que distinga com nitidez os traços do teu rosto, porque a luz das estrelas não basta para os iluminar a esta distância. Disse-lhe logo que a vi: Vejo que a bondade e a justiça fizeram morada no teu coração: não poderíamos viver juntos. Agora admiras a minha beleza, que já transtornou a muitas; mas, mais tarde ou mais cedo, havias de arrepender-te de me teres consagrado o teu amor; porque não conheces a minha alma. Não que te seja alguma vez infiel mas convence-te disto e nunca mais o esqueças: os lobos e os cordeiros não se olham com doces olhos.
Isidore Ducasse
há dias em que acordamos e percebemos tudo
o recorte das cidades no horizonte
a distância que há nos caminhos que rasgam os corações
como se fossem searas de trigo
o nome de certas coisas que só sentimos num abraço
depois percorremos a mão pelo granito
como se fossemos o tempo
e como se a vida não fosse mais do que uma claridade
que invade pela frincha da porta o quarto escuro
é então que descobrimos
num desses rostos com que cruzamos o olhar
que a vida podia ser outra
e que seríamos felizes num outro sorriso
se lhe entregássemos inteiros os nossos lábios
há dias assim
em que acordamos e percebemos tudo
como se tudo nos estivesse imensamente próximo
como se cada dia nascesse e morresse num abraço
como se a vida coubesse num poema
José Rui Teixeira
Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.
Cecília Meireles
Al Berto
Antony & The Johnsons Feat Bjork - Fletta
Publicada por bulgari
Por que vieste? — Não chamei por ti!
Era tão natural o que eu pensava,
(Nem triste, nem alegre, de maneira
Que pudesse sentir a tua falta... )
E tu vieste,Como se fosses necessária!
Poesia! nunca mais venhas assim:
Pé ante pé, covardemente oculta
Nas idéias mais simples,
Nos mais ingênuos sentimentos:
Um sorriso, um olhar, uma lembrança...
— Não sejas como o Amor!
É verdade que vens, como se fosses
Uma parte de mim que vive longe,
Presa ao meu coração
Por um elo invisível;
Mas não regresses mais sem que eu te chame,
— Não sejas como a Saudade!
De súbito, arrebatas-me, através
De zonas espectrais, de ignotos climas;
E, quando desço à vida, já não sei
Onde era o meu lugar...
Poesia! nunca mais venhas assim,
— Não sejas como a Loucura!
Embora a dor me fira, de tal modo
Que só as tuas mãos saibam curar-me,
Ou ninguém, se não tu, possa entender
O meu contentamento,
Não venhas nunca mais sem que eu te chame,
— Não sejas como a Morte!
Carlos Queirós
A nomear, sempre:
a árvore, o pássaro em voo,
o rochedo avermelhado por onde passa
o rio, verde, e o peixe
no fundo branco, quando desce a noite
sobre as florestas.
Sinais, cores, é um jogo,
receio que o resultado possa ser injusto.
E quem me ensina o que esqueci?
- O sono das pedras,
o sono dos pássaros em voo,
o sono das árvores,
a sua fala anda pelo escuro
-Houvesse aí um deus e incarnado
e que me pudesse chamar, eu andaria
por aí, eu esperaria
um pouco.
Johannes Bobrowski
Depois de tombares a água, encontras a luz
na extremidade do mármore. A sombra
ergue-se na parede, progride até ao frio
que adere no mate da tarde. Sobre as grades,
passeias as mãos no jazente perfume que inundava
o teu antecessor. Morreu no fundo da estação,
na boca dos pássaros e no fim das gavetas,
esmagado. O vento invade a casa, o teu olhar
encalha nas árvores. Procuras a chave
do jardim por detrás dos retratos, na camisa,
junto ao coração. A porta, fecha-la com alarme,
e os cães da cercania acordam. Movem-se
automóveis carregados de urgência e mulheres
aos pares, cruzando enredos e passadeiras.
A noite está próxima. Sabe-lo pelo semblante
das pessoas. Dentro em breve não haverá
senão a circulação dos astros, iluminando o murmúrio
dos rios. Transpões a vedação, deixas-te cair
sob os fantasmas vegetais; ateias um cigarro
pra travar a fome e espalhas cinza e desespero
no intervalo de um poema.
Luís Filipe Nunes
Vasco Gato
António Ramos Rosa
Giuseppe Tornatore e Ennio Morricone. Grazie Mille....
José Tolentino Mendonça
Antony and The Johnsons - Thank You For Your Love (Official Video)
Publicada por bulgariNatália Correia
Como fazer-te saber que há sempre tempo?
Que temos que buscá-lo e dá-lo…
Que ninguém estabelece normas, senão a vida…
Que a vida sem certas normas perde formas…
Que a forma não se perde com abrirmo-nos…
Que abrirmo-nos não é amar indiscriminadamente…
Que não é proibido amar…
Que também se pode odiar…
Que a agressão porque sim, fere muito…
Que as feridas fecham-se…
Que as portas não devem fechar-se…
Que a maior porta é o afecto…
Que os afectos definem-nos…
Que definir-se não é remar contra a corrente…
Que não quanto mais se carrega no traço mais se desenha…
Que negar palavras é abrir distâncias…
Que encontrar-se é lindo…
Que o sexo faz parte da lindeza da vida…
Que a vida parte do sexo…
Que o porquê das crianças tem o seu porquê…
Que querer saber de alguém não é só curiosidade…
Que saber tudo de todos é curiosidade malsã…
Que nunca é demais agradecer…
Que autodeterminação não é fazer as coisas sozinho…
Que ninguém quer estar só…
Que para não estar só há que dar…
Que para dar devemos antes receber…
Que para nos darem há também que saber pedir…
Que saber pedir não é oferecer-se…
Que oferecer-se, em definitivo, não é querer-se…
Que para nos quererem devemos mostrar quem somos…
Que para alguém ser é preciso dar-lhe ajuda…
Que ajudar é poder dar ânimo e apoiar…
Que adular não é apoiar…
Que adular é tão pernicioso como virar a cara…
Que as coisas cara a cara são honestas…
Que ninguém é honesto por não roubar…
Que quando não se tira prazer das coisas não se vive…
Que para sentir a vida temos de esquecer que existe a morte…
Que se pode estar morto em vida…
Que sentimos com o corpo e a mente…
Que com os ouvidos se escuta…
Que custa ser sensível e não se ferir…
Que ferir-se não é sangrar…
Que para não nos ferirmos levantamos muros…
Que melhor seria fazer pontes…
Que por elas se vai à outra margem e ninguém volta…
Que voltar não implica retroceder…
Que retroceder também pode ser avançar…
Que não é por muito avançar que se amanhece mais perto do sol…
Como fazer-te saber que ninguém estabelece normas, senão a vida?
Mário Benedetti
Falar do trigo e não dizer o joio.
Percorrer em voo raso os campos
sem pousar os pés no chão. Abrir
um fruto e sentir
no ar o cheiro a alfazema.
Pequenas coisas, dirás, que nada
significam perante
esta outra, maior:
dizer o indizível. Ou esta:
entrar sem bússola
na floresta e não perder
o rumo.
Ou essa outra, maior
que todas e cujo
nome por precaução
omites.
Que é preciso, às vezes,
não acordar o silêncio.
Albano Martins
Escrito a Vermelho
Campo das Letras
Se quiseres fazer azul,
pega num pedaço de céu e mete-o numa panela grande,
que possas levar ao lume do horizonte;
depois mexe o azul com um resto de vermelho
da madrugada, até que ele se desfaça;
despeja tudo num bacio bem limpo,
para que nada reste das impurezas da tarde.
Por fim, peneira um resto de ouro da areia
do meio-dia, até que a cor pegue ao fundo de metal.
Se quiseres, para que as cores se não desprendam
com o tempo, deita no líquido um caroço de pêssego queimado.
Vê-lo-ás desfazer-se, sem deixar sinais de que alguma vez
ali o puseste; e nem o negro da cinza deixará um resto de ocre
na superfície dourada. Podes, então, levantar a cor
até à altura dos olhos, e compará-la com o azul autêntico.
Ambas as cores te parecerão semelhantes, sem que
possas distinguir entre uma e outra.
Assim o fiz - eu, Abraão ben Judá Ibn Haim,
iluminador de Loulé - e deixei a receita a quem quiser,
algum dia, imitar o céu.
Nuno Júdice, in Meditação sobre ruínas
Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
William Shakespeare
É março ou abril?
É um dia de sol
perto do mar, é um dia
em que todo o meu sangue
é orvalho e carícia.
De que cor te vestiste?
De madrugada ou limão?
Que nuvens olhas, ou colinas
altas, enquanto afastas o rosto
das palavras que escrevo
de pé, exigindo o teu amor?
É um dia de maio?
É um dia em que tropeço no ar
à procura do azul dos teus olhos,
em que a tua voz
dentro de mim pergunta, insiste:
Se te fué la melancolia,
amigo mío del alma?
É junho? É setembro? É um dia
em que estou carregado de ti
ou de frutos,
e tropeço na luz, como um cego,
a procurar-te.
Eugénio de Andrade
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
Alicia Keys - Try Sleeping With a Broken Heart [Live Acoustic Version]
Publicada por bulgari
I've tried and i can´t...
Se partires, não me abraces – a falésia que se encosta
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.
Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces –
o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém – longe de ti, o corpo não faz
senão enumerar as próprias feridas (como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar); e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.
Se me abraçares, não partas.
Maria do Rosário Pedreira
Antony & The Metropole Orchestra - I fell in love with a dead boy
Publicada por bulgariBreathe taking.........
Eu, eu mesmo…
Eu, eu mesmo…
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar.
Eu…
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças…
Que crianças não sei…
Eu…
Imperfeito ? Incógnito ? Divino ?
Não sei…
Eu…
Tive um passado ? Sem dúvida…
Tenho um presente ? Sem dúvida…
Terei um futuro ? Sem dúvida…
A vida que pare de aqui a pouco…
Mas eu, eu…
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu…
Álvaro de Campos
Saudade de tudo!…
Saudade de gente que não conheço,
Saudade triste do passado, saudade gloriosa do futuro,
Ânsia voraz de me fazer em muitos,
uma só alma em um só corpo,
Como quem fecha numa gota o Oceano,
Guimarães Rosa
Penso às vezes que chegou a hora de estar calado.
Piensa el sentimento, siente el pensamiento;
que tus cantos tengan nidos en la tierra,
y que cuando en vuelo a los cielos
suban tras las nubes no se pierdan.
Peso necesitam, en las alas peso,
la columna de humo se disipa entera,
algo que no es musica es la poesia, la pensada sólo queda.
Lo pensado es, no lo dudes, lo sentido.
Sentimento puro?
Quien ello crea, de la fuente del sentir
nunca ha llegado a la viva y honda vena
No te cuides en exceso del ropaje,
de escultor y no de sastre es tu tarea,
no te olvides de que nunca más hermosa
que desnuda está la idea.
No el que un alma encarna en carne,
ten presente, no el que forma da a la idea es el poeta,
sino que el que alma encuentra tras la carne,
tras la forma encuentra idea.
Miguel de Unamuno
que é o princípio de tudo e o que não é ainda,
sim ao vazio coração que ignora
e que no silêncio preserva o sim do início,
sim a algumas palavras que são nuvens
brancas e deslizam amplas sobre um mundo pacífico,
sim aos instrumentos simples da cozinha,
sim à liberdade do fogo que adensa o vigor da consciência,
sim à transparência que não exalta
mas decanta o vinho da presença,
sim à paixão que é um ajuste ao cimo
de uma profunda arquitectura íntima,
sim à pupila já madura
que se inebria das sombras das figuras,
sim à solidão quando ela é branca
e desenha a matéria cristalina,
sim às folhas que oscilam e brilham
ao subtil sopro de uma brisa,
sim ao espaço da casa, à sua música
entre o sono e a lucidez, que apazigua,
sim aos exercícios pacientes
sem que a claridade pousa no vagar que a pensa,
sim à ternura no centro da clareira
tremendo como uma lâmpada sem sombra,
sim a ti, tempestade que iluminas
um país de ausência,
sim a ti, quase monótona, quase nula
mas que és como o vento insubornável,
sim a ti, que és nada e atravessas tudo
e és o sangue secreto do poema.
You don't relate to me....
If just a little kick could get back to yourself....yourself.
Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amouRaiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul
Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a varar
Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutarNuma rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Venham ver, Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu
José Afonso
Sempre onde tu estás
Naquilo que faço
Viras-te agarras os braços
Toco-te onde te viras
O teu olhar nos meus olhos
Viro-me para tocar nos teus braços
Agarras o meu tocar em ti
Toco-te para te ter de ti
A única forma do teu olhar
Viro o teu rosto para mim
Sempre onde tu estás
Toco-te para te amar olho para os teus olhos.
Harold Pinter
Someday....
The ballad of Jack and Rose
No tempo aquil
cando os animales falaban,
decir libertá non era triste,
decir verdá era coma un río,
decir amor,
decir amigo,
era igual que nomear a primavera.
Ninguén sabía dos aldraxes.
Cando os animales falaban
os homes cantaban nos solpores
pombas de luz e xílgaros de soños.
Decir teu e meu non se entendía,
decir espada estaba prohibido,
decir prisión somente era unha verba
sin senso, un aire que mancaba
o corazón da xente.
¿Cando,cando se perdeu,
iste gran Reino?
Celso Emílio Ferreiro
Gorillaz - Stylo (Full Version HD Music Video Clip) - Works in All Count...
Publicada por bulgari
Tenho medo de te ver
Necessidade de te ver
Esperança de te ver
Inquietação de te ver
Tenho ganas de te encontrar
Preocupação de te encontrar
Certeza de te encontrar
Pobres dúvidas de te encontrar
Tenho urgência de te ouvir
Alegria de te ouvir
Boa sorte de te ouvir
E temores de te ouvir
Ou seja
Resumindo
Estou fodido
E radiante
Talvez mais o primeiro
Que o segundo
E tambémVice versa
Mario Benedetti
Should we think about the rest....
Toda a terra, todo o planeta
é uma grande massa além...como uma corda, a estrada
soa e vibra. Aonde quer que possam ir,
só podem ir para lá, e ninguém vem para cá,
sempre para lá, sempre para lá.
Aqui fiquei eu só, assim fiquei.
E tenho medo, reconheço o medo.
Condeno-me, culpa sobre culpa.
Mas, de repente, uma mulher - o meu coração bate.
- Aonde vais? - pergunto curioso.
- Para cá - responde ela amorosamente.
É louca, - penso eu -, é absurdo!
Como pode vir para cá,
se devia ir para lá?
Bulat Okudjava
Poetas Russos