Se um dia regressares, a terra estremecerá na memória de tua ausência.
E a água formará um vasto oceano no outro lado do teu olhar.
Regressarás, talvez, quando o ar se tornar rubro em redor do meu sono — e o lume das horas, a pouco e pouco, saciar a boca que clama pelo teu nome.
Encontrar-nos-emos nas imagens deste jardim de afectos e ódios.
Porque os jardins são labirínticas arquitecturas mentais, onde podemos resguardar os corpos de qualquer voragem do tempo.
Por isso, enquanto não regressas, construo jardins de areia e cinza, jardins de água e fogo, jardins de minerais e de cassiopeias — mas todos abandono à invasão do tempo e da melancolia.
Mas se um dia regressares, passeia-te por dentro do meu corpo. Descobrirás o segredo deste jardim interior — cuja obscuridade e penumbras guardaram intacto o nocturno coração.
Al Berto
2 comentários:
Seu blogger é muito Bom.. adorei suas poesias.
Meus parabéns, continue assim!
Se poder dá uma passada lá no meu.
http://izaberllelacouth.blogspot.com
O que é um jardim senão uma tentativa humana de imitar a natureza. Prefiro florestas e desertos interiores.
Enviar um comentário