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sábado, 23 de novembro de 2013

Pele...

Publicada por bulgari



Temos a mesma pele,
descobri anos depois.
É isso que nos impele
a sermos um, sendo dois.
Amar é ter a mesma pele,
o resto vem depois.
(E não falo da cor,
que é indiferente no amor).

Torquato da Luz

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

The Killers - Here With Me

Publicada por bulgari

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

40 anos sem Neruda

Publicada por bulgari


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Poema muito breve e muito raso

Publicada por bulgari




Não, não deve ser nada este pulsar
de dentro: só um lento desejo
de dançar. E nem deve ter grande
significado este vapor dourado,

e invisível a olhares alheios:
só um pólen a meio, como de abelha
à espera de voar. E não é com certeza
relevante este brilhante aqui:

poeira de diamante que encontrei
pelo verso e por acaso, poema
muito breve e muito raso,
que (aproveitando) trago para ti.

Ana Luísa Amaral

domingo, 4 de agosto de 2013

As folhas vão caindo

Publicada por bulgari

Duane Michaels



Nasceu e não soube. Respondeu e não falou

As almas surpreendidas olham-te
quando não passas. O vento não cumpre nunca.

Teu pensamento a sós cai lentamente.
Como as fenecidas folhas caem e voltam
a cair, se o vento as dispersar.

Enquanto as espera a sóbria terra,
aberta. Calado o coração, mudos os olhos,
teu pensamento desfaz-se vagaroso
no ar. Movido suavemente. Um som de ramos
finais, um esvaído sonho de ouros vivos
se esparge… as folhas vão caindo.



vicente aleixandre
poemas de la consumación

sábado, 3 de agosto de 2013

Nada

Publicada por bulgari

Nevver



nem o branco fogo do trigo 
nem as agulhas cravadas na pupila dos pássaros 
te dirão a palavra 

Não interrogues não perguntes 
entre a razão e a turbulência da neve 
não há diferença 

Não colecciones dejectos o teu destino és tu 

Despe-te 
não há outro caminho 

Eugénio de Andrade in Véspera da Água

Há....

Publicada por bulgari





e há isto: quem tem a mão queimada tem em tudo fogo posto, 
obra, vida e corpo,
e no fundo da mão do outro não há nada, mesmo na mão 
cheia de ouro
(ou nela sobretudo)



Herberto Helder

domingo, 14 de julho de 2013

All girls

Publicada por bulgari




All girls should have a poem
Written for them even if
we have to turn this God-damn world
upside down to do it.

Richard Brautigan


sábado, 6 de julho de 2013

MONEY - "Hold Me Forever" (Official Music Video)

Publicada por bulgari

Há mulheres....

Publicada por bulgari




Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
... Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes
e calma.


Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, 18 de junho de 2013

Escreve....

Publicada por bulgari



Escreve sempre que precisares de me dizer
que há gelo nas tuas mãos e nas paredes do frigorífico.
Os legumes que trouxe ontem
não sobrevivem a mais do que uma geada,
muito menos nós.


Escreve sempre que precisares, podes
dizer-me outra vez que nunca houve inverno,
que este ano não há verão,
que estamos aqui e não estamos porque não sabemos
se somos nós ou se somos aquelas
quatro pessoas que vão à rua agora,
encontraram a porta certa.


Escreve sempre que precisares, faz
uma lista de compras, uma lista de desejos,
anota todos os pedidos que deixaste
em poemas atrasados.
Escreve sempre que precisares
de mais um postal com selo e carimbo.
Escreve sempre que riscares
na tua agenda mais uma morada.


Sempre que eu precisar vais devolver-me
uma caligrafia rebuscada que não é a tua,
curvas a mais que não fazias na letra d.
Já não há desses manuscritos,
só eu e os carteiros aprendemos a decifrá-los
(e toda a gente sabe que nem isso é verdade).
Vai escrevendo. Sempre que eu precisar,
as frases podem desviar deixas decoradas,
repetidas como as mentiras,
demasiado gastas para serem inócuas.


Escreve em vez de costurares.
Mesmo que soubesses, não há remendos suficientes,
arranhaste sem possibilidade de cura os joelhos,
os cotovelos e as canelas
(dançar sempre foi um antídoto fora do teu alcance).
Escreve que eu vejo nas tuas as minhas quedas,
os meus soluços nessas curvas
a mais que não fazes na letra d:
as tuas linhas são rectas, verticais e justas,
as minhas letras são apenas caracteres.


Escreve sempre que puderes
só em vez de apenas,
recursos humanos em vez de
resíduos urbanos. Talvez sejamos mais
do que pessoas, temos tamanhos diferentes
e não servimos nos lugares que nos foram destinados.


Escreve sempre que precisares de uma porta
onde caibas,
nunca trago chaves comigo.


Margarida Ferra

sábado, 11 de maio de 2013

A curva dos teus olhos

Publicada por bulgari

Norma Parkinson


A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
é uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.
Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.
Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.


Paul Éluard 

quarta-feira, 1 de maio de 2013
Publicada por bulgari

sexta-feira, 19 de abril de 2013

É tudo tão pequeno

Publicada por bulgari



É tudo tão pequeno esta manhã.

As aves acordaram surpreendidas,
a voarem nos meus olhos
curvas fatigadas
de Primavera morta…

As mãos caem-me secas
ao longo do corpo
em folhas recortadas
de árvore de solidão…

As raízes sugam-me nas veias
o sangue da terra
das manhãs de sussurro…

Sim. Hoje só eu existo…

Eu com este remorso de gota de água
que se recusa a cair no mar
─ para se sentir maior
longe da cólera comum da Tempestade.


josé gomes ferreira

Braços longos

Publicada por bulgari



Quem me espera na hora sem lugar,
está mudo e branco sobre a luz velada;
dos braços longos escorre-lhe o calor
de séculos de amor e voz cerrada.

Morreu de sonho à proa do navio,
que tem, pintadas, flores, de cores bravias,
e um doce aroma de almas navegantes...

Morreu de sonho! E os pássaros do rio
voaram-lhe a agonia, triunfantes.

Então os braços removeram anos,
desencontros, renúncias, esquecimento,
e partiram, floridos e secretos,
ao meu encontro frágil no momento.

Escutei-lhe a pele na minha pele dorida.
Senti-lhe o jeito (o jeito de manhã
do princípio do Mundo).
Esses braços cantavam como cisnes
e era eu quem morria!

Natércia Freire

A minha saudade

Publicada por bulgari




A minha saudade tem o mar aprisionado
na sua teia de datas e lugares.
É uma matéria vibrátil e nostálgica
que não consigo tocar sem receio,
porque queima os dedos,
porque fere os lábios,
porque dilacera os olhos.
E não me venham dizer que é inocente,
passiva e benigna porque não posso acreditar.
A minha saudade tem mulheres
agarradas ao pescoço dos que partem,
crianças a brincarem nos passeios,
amantes ocultando-se nas sebes,
soldados execrando guerras.
Pode ser uma casa ou uma rede
das que não prendem pássaros nem peixes,
das que têm malhas largas
para deixar passar o vento e a pressa
das ondas no corpo da areia.
Seria hipócrita se dissesse
que esta saudade não me vem à boca
com o sabor a fogo das coisas incumpridas.
Imagino-a distante e extinta, e contudo
cresce em mim como um distúrbio da paixão.


José Jorge Letria

terça-feira, 12 de março de 2013

Pelo lado de fora

Publicada por bulgari




Talvez sejas
a breve recordação de um sonho
de que alguém (talvez tu) acordou
(não o sonho, mas a recordação dele),
um sonho parado de que restam
apenas imagens desfeitas, pressentimentos.
Também eu não me lembro,
também eu estou preso nos meus sentidos
sem poder sair. Se pudesses ouvir,
aqui dentro, o barulho que fazem os meus sentidos,
animais acossados e perdidos
tacteando! Os meus sentidos expulsaram-me de mim,
desamarraram-me de mim e agora
só me lembro pelo lado de fora


Manuel António Pina

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Paperman

Publicada por bulgari

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Soneto Presente

Publicada por bulgari

Gerard Castello Lopes


Não me digam mais nada senão morro
aqui neste lugar dentro de mim
a terra de onde venho é onde moro
o lugar de que sou é estar aqui.

Não me digam mais nada senão falo
e eu não posso dizer eu estou de pé.
De pé como um poeta ou um cavalo
de pé como quem deve estar quem é.

Aqui ninguém me diz quando me vendo
a não ser os que eu amo os que eu entendo
os que podem ser tanto como eu.

Aqui ninguém me põe a pata em cima
porque é de baixo que me vem acima
a força do lugar que fôr o meu

José Carlos Ary dos Santos

Não colher as mãos

Publicada por bulgari



não colher as mãos, alimentar os objectos.
tocá-los devagar, deixando o fio correr desde
o ar até à ponta dessa sombra onde repousa
o mundo. tenho a certeza de que algo se
mexe no silêncio. olho uma vez. olho uma vez.
sei que falas com as coisas. que tens um pacto
com as rãs, outros pequenos animais, certos verdes
hereditários gestos. que nem que quisesses me
poderias contar. e sei de tudo limpo e é para ti que
inclino as mãos quando percorro as cidades e as
esqueço. esta pequena saudade é uma floresta
de silêncios. sou capaz de adormecer sobre o fogo.


rui costa

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Dave Matthews Band - Mercy

Publicada por bulgari

domingo, 27 de janeiro de 2013

Deixa de haver....

Publicada por bulgari

Nzafro



Oiço dentro de casa que lá fora chove
dizes somente a solitária lágrima
que te humedece os olhos caminhamos
e há em nossos ombros numerosas folhas
Nasço subitamente há mundos no teu rosto
antes de ti ninguém na verdade houve
chove posso dizer pela primeira vez que chove
Esperar por ti não é esperar por ti
esperar por ti é ter talvez esperança
ou é esperar com minudenciosa paciência
e desenhar teu rosto em cada rosto que vejo surgir
na minha alvoroçada vizinhança dos teus passos
Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado
Quando te vejo e embora exista o vento
nenhuma folha nas múltiplas árvores se move
ver-te é logo todas as coisas começarem é
tudo ser desde sempre anterior a tudo
Ver-te é sem tu me veres eu sentir-me visto
sentir no meu andar alguma segurança mínima
caminhar pelo ar a meio metro da terra
e tudo flutuar e ser ainda mais aéreo de que o ar
ver-te é nem mesmo pensar que deixarei de ver-te
ver-te é sentir pousar mais que um olhar
uma mão muito calma sobre a minha vida
ver o teu rosto é ter toda a certeza de que existo
que sempre existirei que não há mais ninguém
ver o teu rosto é mesmo mais do que nascer
empreender viagens começadas nesse rosto
donde podem sair inúmeros navios
ver o teu rosto é como tudo começar
corrida a minudenciosa prega do silêncio
silêncio alto como um cerro inesperado como um curro
aéreo como um cirro denso como um cerro
prosaico às vezes como a mecânica de um carro
Vejo-te e povoas só de folhas que depois desfolhas
os rasos descampados que te cercam por todos os lados
Caminho ao teu encontro
a juventude é como uma oportunidade
começa a ser outono a tarde é território para a luz
tem certas listas como um fato cinzento
toco-te apenas para ver se estás aí
um país se arredonda à tua volta
sinto todas as coisas no lugar
Quando te vais embora fico de repente ao abandono
sem ao menos a protecção de uns olhos de animal
da copa arredondada de uma árvore
Vais-te embora e deixa de haver árvores no mundo
e não tenho palavras e não tenho voz
não conheço ninguém nenhum ouvido
que se possa ajustar à forma do meu grito
E desço da liteira como quem desce da vida
como que me separo de mim mesmo
sinto-me inexplicável e na rua
para sempre irremediavelmente na rua



Ruy Belo

sábado, 26 de janeiro de 2013

Este País....

Publicada por bulgari



Este país preocupa-me, este país dói-me. E aflige-me a apatia, aflige-me a indiferença, aflige-me o egoísmo profundo em que esta sociedade vive. De vez em quando, como somos um povo de fogos de palha, ardemos muito, mas queimamos depressa.


José Saramago

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Prince Purple Rain live Milan 2010 HQ

Publicada por bulgari

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Tinha paixão?

Publicada por bulgari

Fabrizio Ferri



li algures que os gregos antigos...

quando alguém morria perguntavam apenas:
tinha paixão?

quando alguém morre também quero saber da qualidade da sua paixão:
se tinha paixão pelas coisas gerais,
água,
música,
pelo talento de algumas palavras para se moverem no caos,
pelo corpo salvo dos seus precipícios com destino à glória,
paixão pela paixão,
tinha?

e então indago de mim se eu próprio tenho paixão,
se posso morrer gregamente,
que paixão?

os grandes animais selvagens extinguem-se na terra,
os grandes poemas desaparecem nas grandes línguas que desaparecem,
homens e mulheres perdem a aura
na usura,
no comércio,
na indústria,
dedos conexos, há dedos que se inspiram nos objectos à espera,
trémulos objectos entrando e saindo
dos dez tão poucos para tantos
objectos do mundo
e o que há assim no mundo que responda á pergunta grega,
pode manter-se a paixão como fruta comida ainda viva,
e fazer depois com sal grosso uma canção curtida pelas cicatrizes,
palavra soprada a que forno com que fôlego,
que alguém perguntasse: tinha paixão?



Herberto Helder 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Acontecimento

Publicada por bulgari




Tu choravas e eu ia apagando
com os meus beijos os rastos das tuas lágrimas
─ riscos na areia mole e quente do teu rosto.
Choravas como quem se procura.
E eu descobria mundos, inventava nomes,
enquanto ia espremendo com as mãos
o meu sangue todo no teu sangue.


Não sei se o mundo existia e nós existíamos realmente.
Sei que tudo estava suspenso,
esperando não sei que grave acontecimento,
e que milhares de insectos paravam e zumbiam nos
meus sentidos.
Só a minha boca era uma abelha inquieta
percorrendo e picando o teu corpo de beijos.


Depois só dei pela manhã,
a manhã atrevida
entrando devagar, muito devagar e acordando-me.
Desviei os meus olhos para ti :
ao longo do teu corpo morriam as estrelas.
A noite partira. E, lentamente,
o sol rompeu no céu da tua boca.


albano martins


sábado, 12 de janeiro de 2013

Intactas

Publicada por bulgari



Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade.


Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Laugh again....

Publicada por bulgari

Daniel Jackson




I will remember your small room, the feel of you, the light in the window, your records, your books, our morning coffee, our noons, our nights, our bodies spilled together, sleeping, the tiny flowing currents, immediate and forever. Your leg, my leg, your arm, my arm, your smile and the warmth of you who made me laugh again.


Charles Bukowski

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

David Bowie: Where Are We Now? Full Video

Publicada por bulgari

domingo, 6 de janeiro de 2013

Vamos ser....

Publicada por bulgari




Vamos ser velhos ao sol nos degraus
da casa; abrir a porta empenada de
tantos invernos e ver o frio soçobrar
no carvão das ruas; espreitar a horta
que o vizinho anda a tricotar e o vento
lhe desmancha de pirraça; deixar a


chaleira negra em redor do fogão para
um chá que nunca sabemos quando
será – porque a vida dos velhos é curta,
mas imensa; dizer as mesmas coisas
muitas vezes – por sermos velhos e por
serem verdade. Eu não quero ser velha


sozinha, mesmo ao sol, nem quero que
sejas velho com mais ninguém. Vamos
ser velhos juntos nos degraus da casa –
se a chaleira apitar, sossega, vou lá eu; não
atravesses a rua por uma sombra amiga,
trago-te o chá e um chapéu quando voltar.


Maria do Rosário Pedreira

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

E que venham....

Publicada por bulgari

 

....novos poemas. Bom ano 2013!