Quem me espera na hora sem lugar,
está mudo e branco sobre a luz velada;
dos braços longos escorre-lhe o calor
de séculos de amor e voz cerrada.
Morreu de sonho à proa do navio,
que tem, pintadas, flores, de cores bravias,
e um doce aroma de almas navegantes...
Morreu de sonho! E os pássaros do rio
voaram-lhe a agonia, triunfantes.
Então os braços removeram anos,
desencontros, renúncias, esquecimento,
e partiram, floridos e secretos,
ao meu encontro frágil no momento.
Escutei-lhe a pele na minha pele dorida.
Senti-lhe o jeito (o jeito de manhã
do princípio do Mundo).
Esses braços cantavam como cisnes
e era eu quem morria!
Natércia Freire
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