É março ou abril?
É um dia de sol
perto do mar, é um dia
em que todo o meu sangue
é orvalho e carícia.
De que cor te vestiste?
De madrugada ou limão?
Que nuvens olhas, ou colinas
altas, enquanto afastas o rosto
das palavras que escrevo
de pé, exigindo o teu amor?
É um dia de maio?
É um dia em que tropeço no ar
à procura do azul dos teus olhos,
em que a tua voz
dentro de mim pergunta, insiste:
Se te fué la melancolia,
amigo mío del alma?
É junho? É setembro? É um dia
em que estou carregado de ti
ou de frutos,
e tropeço na luz, como um cego,
a procurar-te.
Eugénio de Andrade
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