Lá fora o dia está lindo. Só apetece vestir o trapinho mais confortável e disfrutar este dia maravilhoso, com que o outono nos prendou. O vento está ameno e o sol ainda dispensa restos de um verão curto. Tudo está em paz no meu cantinho... estava!!!
Ainda enfiada nos lençóis, ouvi bater na porta muito suavemente. Se fosse desgraça, não chegaria de forma tão suave. Sem olhar pelo óculo da porta, abri-a sem pensar no meu aspecto, típico quem acaba de se levantar da cama.
E ei-las! Duas senhoras munidas com aqueles livrinhos pretos, muito engomadas e emanando o cheiro típico de qualquer beata, o horrendo pivete a naftalina seja qual for a religião. Beata que se preze, cheira a naftalina e na melhor das hipóteses a sabonete lux. Seria pedir demais, pediste sabonete? Levas com alcatrão branco em cima, que é para não teres aberto a porta. O cheiro agonizante atingiu-me as narinas, e, os meus cabelos desgrenhados, calças do pijama a meio do traseiro e o pés descalços, devem ter causado nas ditas senhoras tamanho impacto, porque, num ápice abriram aquelas gaitas pretas e escolheram um salmo sobre o papel desempenhado pela mulher, desde que Deus criou o homem à sua semelhança. Digam lá! É o quê? Eu naqueles preparos que podem imaginar e as senhoras engomadas a darem-me lições sobre a nossa missiva à face da terra.
A mulher é provedora dos seus, cuida do marido, está sempre disposta aos actos de procriação, blá blá blá. O monólogo até não estava mau, o espírito meio adormecido, as vozes cândidas ainda me deixavam mais mole. Mas gaja que é gaja, arranja sempre maneira de me pôr os nervos em franja. Quando me dei conta após abrir a pestana, da quantidade de obrigações a que estamos sujeitas, comecei a ter insónias para os próximos oito dias. E só a ideia de tal coisa, causou-me uma neura que acabei informando as senhoras sobre as minhas inquietações. Desde que os meus se encontrem bem de saúde, não falte comidinha na mesa e tenha mesmo poucos mas bons amigos, de resto a única coisa que me arrasa, é a vida sem pecado (dito de forma mais explicita) que tenho levado nos últimos tempos e que o corpo, esse, está sedento de folia.
Dez segundos bastaram para as despedidas e para estar certa que estas, jamais aqui voltam a pregar.
Lá fora o dia está lindo...vou voltar para a cama.
3 comentários:
O que eu gostava de ser mosquinha, qual de nós não levou já com essas pragas, sim pragas, de madrugada a melgar o juízo, com a santa purificação, quando o que apetece, é isso mesmo, folia. Txiiiiiiiiiiiiii, qu´enquetação.
A notícia é uma grande embate, apesar de, infelizmente, se estar a tornar cada vez mais normal nos dias que correm (imagino nque estejamos a falar na mesma doença). Mas depois, é como tu dizes, há que arregaçar as mangas e tentar regressar à normalidade possível. E viver, aproveitar todos os momentos, pensar que tudo vai correr bem.
Um grande beijinho
Não há paciência! e a nossa cortesia nesssas altutras não funciona, esses personagem "não jogam com o baralho todo". By By, e até mais nunca são palavras certas.
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