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terça-feira, 26 de maio de 2009

Dorme

Publicada por bulgari



Dorme, meu amor, que o mundo já viu morrer
mais este dia e eu estou aqui, de guarda aos pesadelos.
Fecha os olhos agora
e sossega o pior já passou há muito tempo;
e o vento amaciou;
e a minha mão desvia os passos do medo.
Dorme, meu amor -a morte está deitada sob o lençol da terra
onde nasceste e pode levantar-se como um pássaro
assim que adormeceres. Mas nada temas: as suas asas de sombra
não hão-de derrubar-me
eu já morri muitas vezes
e é ainda da vida que tenho mais medo.
Fecha os olhos agora
e sossega a porta está trancada; e os fantasmas
da casa que o jardim devorou andam perdidos
nas brumas que lancei ao caminho.
Por isso, dorme, meu amor,
larga a tristeza à porta do meu corpo e
nada temas: eu já ouvi o silêncio, já vi a escuridão, já
olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui,
de guarda aos pesadelos
a noite é um poema que conheço de cor
e vou cantar-to até adormeceres.

Maria do Rosário Pedreira

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