all that sounds

Hoje, véspera de feriado, em que o tempo não convida a grandes planos fora de casa, resolvi trazer trabalho para o aconchego do lar. Raramente o faço, também é verdade! Trazer papelada aos montes sem a aplicação informática, para lhes dar o tratamento a que se destinam, pouco ou nada adianta.
Mas hoje aquilo que raramente acontecia, passou a definitivo.
Nunca mais, ouviram! Nem, num dia de loucura em estado puro, eu volto a pegar nos malditos papelinhos, nem mesmo que venham algemados, à respectiva pasta.
Desconheço o motivo, mas a partir do momento em que cruzei o portão que, separa o calvário de, qualquer coisa sem dúvida melhor, os ditos papeis ganharam vida própria. Dentro da pasta que teimava em deslizar no banco do carro, dum extremo ao outro; e cujo sistema de argolas, altamente moderno e seguro, diga-se de passagem; começou a ceder aos poucos, eis que, a revolução foi tomando forma. Mal sonhava eu a sua dimensão; enquanto trauteava com um sorriso nos lábios a canção de amor-Rádio Macau, o regresso a casa.
Estacionei a viatura, peguei na mala e a seguir, num gesto de pura inocência, o dito trabalho de casa. A princípio nada fazia antever o desastre, mas não tardou, acreditem! Trezentos e muitos papeis, estatelados no pavimento ainda húmido, tendo como único aliado a ausência do vento.
Embora sempre o tivesse suposto, os nervos em franja são um aliado das gargalhadas e têm uma sociedade secreta com a imaginação.

No meio de várias tentativas para apanhar a papelada e controlar o riso, na minha mente ocorria apenas um pensamento. Mete-te no carro, dirige-te ao campo mais próximo e dá-lhes vida....