não sou senão a fábrica de outros sonhos mal sabidos
entre quem nunca desejou sonhar.
a mim coube-me abarcar as esperanças de quem as ignorou
as solidões de quem se proibiu de ver sozinho
as multidões fracas que couberam em mim esperavam
o tempo inteiro
e o tempo inteiro não me chegou
nem a sombra emersa
nem a luz não-finita.
infinidade de sonhos
tantos como os que me couberam um dia na palma da mão
apanhei-os debruçado sobre a teia do espaço social
e plantei-os em mim.
dos que ficaram no chão nem os restos sobraram.
André Tomé, A secreta viagem
2 comentários:
mas que bela escolha.
gostei, de imenso, desta fábrica de sonhos mal sabidos.
abração do
r.
Este poema veste-me a pele como se nela tivesse nascido.
Abraços do lado de cá!
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