Subscribe
Add to Technorati Favourites
Add to del.icio.us
terça-feira, 19 de julho de 2011

Cada sonho

Publicada por bulgari





Que tristeza tão inútil essas mãos
que nem sempre são flores
que se dêem:
abertas são apenas abandono
fechadas são pálpebras imensas
carregadas de sono.

Pela noite adiante, 
com a morte na algibeira,
cada homem procura um rio para dormir,
e com os pés na lua ou num grão de areia
enrola-se no sono que lhe quer fugir.

Cada sonho morre às mãos doutro sonho.
Dez-réis de amor foram gastos a esperar.
O céu que nos promete um anjo bêbado
é um colchão sujo num quinto andar.



Eugénio de Andrade

0 comentários: