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sábado, 12 de dezembro de 2009

A volta dos sonhos

Publicada por bulgari

Misjra

Um dia sonhei que sonhavas com um dia assim.
Era como se eu escrevesse os teus pensamentos e tu lesses os meus. Uns levavam-me, outros traziam-te: até nos colocarem num sítio só. Passeávamos num sítio sem passeios. Parávamos aqui e acolá a ouvir o arco -íris ou um eco: encontrávamos a montanha dos sonhos.
Descemos tanto, tanto, que fomos encontrar um miradouro. A paisagem lá em baixo era tão alta que olhámos para cima até perder de vista. E os olhos, assim fechados, levaram o corpo ao encontro de tudo o que o ar tem escondido. Chegados a lado nenhum, descobríamos, nesse lugar cheio de lugares, lados e mais lados sem parar. Sem saber o que dizer, ouvíamoss nomes e mais nomes: para mudar, trocar e voltar a chamar. Em cada coisa uma palavra vinha ter connosco para nos explicar que coisa era. Era como se fosse nossa ao dizê-la. Quando voltámos, quisemos mostrar tudo tal e qual. Dissemos tudo e mais alguma coisa. Mas tudo estava transformado em histórias para contar. Sorrimos: se as histórias são o que os sonhos foram e podem ser contadas outra vez, também os sonhos voltam, mesmo sendo outros.

Gémeo Luís e Eugénio Roda, in Rêve

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