Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.
Não durmo; não posso ler quando acordo de noite;
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite-
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!
Ah! o ópio de ser outra pessoa qualquer!
(...)
Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.
Paz em toda a natureza.
A humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
Exatamente.
A humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.
Costuma dizer-se isto.
A humanidade esquece, sim, a humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a humanidade esquece.
Exatamente. Mas não durmo.
Álvaro de Campos
Até que vou lendo umas coisinhas, mas o sono, desse nem um infimo vislumbre...
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