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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Publicada por bulgari



Andava em busca de uma alma semelhante à minha, e não podia encontrá-la. Procurava por todos os recantos da terra: era inútil a minha perserverança. E, no entanto, não podia continuar só. Precisava de alguém que aprovasse o meu carácter; precisava de alguém que tivesse as mesmas ideias que eu. Era de tarde; a noite começava a estender o negrume do seu véu sobre a natureza. Uma bela mulher, que eu mal distinguia, estendia igualmente em meu redor a sua influência encantatória, e olhava-me compassiva; porém não ousava falar-me. Eu disse: Aproxima-te de mim, para que distinga com nitidez os traços do teu rosto, porque a luz das estrelas não basta para os iluminar a esta distância. Disse-lhe logo que a vi: Vejo que a bondade e a justiça fizeram morada no teu coração: não poderíamos viver juntos. Agora admiras a minha beleza, que já transtornou a muitas; mas, mais tarde ou mais cedo, havias de arrepender-te de me teres consagrado o teu amor; porque não conheces a minha alma. Não que te seja alguma vez infiel mas convence-te disto e nunca mais o esqueças: os lobos e os cordeiros não se olham com doces olhos.

Isidore Ducasse

1 comentários:

Camolas disse...

De lobo(louco) e de cordeiro( carneiro mal morto) todos temos um pouco